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"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever...".

Clarice Lispector

Quem sou eu

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RJ, RJ, Brazil
Estudo Letras e Pedagogia. Realizei um grande sonho de ser mãe. Amo minha filha. Amo minha vida e vivo a viver e a buscar compreender seus versos... Gosto de escrever o que já não cabe mais em mim e também me interessa bastante estudar sobre educação. Ah! E também acredito num mundo melhor, com pessoas melhores... E assim vou buscando, e ora e outra, encontrando...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Agostinho...

Estive pensando, por esses dias, sobre o pensar. E do não pensar também.
Penso a todo instante. E quando não penso muito, reflito.
O pensar é avassalador. Concordas?
Toma conta de ti de uma forma selvagem. Sem cerimônias. Ele quase não te respeita. Não quer saber se você tá afim ou se você prefere apenas tomar um café. 
Às vezes você não está propícia naquele momento, mas quem sabe em outra hora... 
Mas ele é insistente... um chato.
Mas a gente sabe que é assim. 
Não tem outro jeito.
E é por isso que tem gente que até esquece que pensa.
Tenho refletido nos últimos dias... 
E pensado a todo instante.
Eles estão saltitantes. Ora aqui, ora ali, ora agora e por vezes, lá pela frente. Nesse momento, minha mente é um trampolim e certos impactos me fazem estremecer. 
Pulo alto. 
Às vezes demoro a levantar. 
Caio sentada, caio de pé, aos poucos estou pegando o jeito. 
Estou aprendendo a cair, e na mesma proporção, a levantar. 
Tem horas que prefiro ficar sentada um pouquinho e me ponho a descançar...
Mas lá no alto vejo estrelas, e não posso perder tanto tempo...
Entre uma coisa e outra fico a refletir. 
Como um expectador que cada vez mais se surpreende e se admira pelo grande espetáculo de "estar aqui".
Pensar e refletir são facetas da mesma essência.
Refletir está em um plano. Pensar, em outro. 
Refletir humaniza, trás para perto.
Pensamento é menino. Refletir é feminino...
Refletir é branda, doce e madura... Refletir é cheia de mistérios..
Pensamento é aventura
Refletir está em cima,
como uma mulher cheia de si...
Mas isso não quer fugir de mim....
Escrevo agora porque essa dama me invade
E o que motiva?
Onde está o botão do liga?
Só sei que muitos existem existindo mesmo sem nunca existir.
Quantos Agostinhos vivem uma vida inteira só a pensar...
Como meninos virgens
Sem a ela tocar...
Quantos Agostinhos do acaso, Agostinhos do mundo, Agostinhos de Deus figuram aqui?
Mas... Agostinho? Porquê?
Porque João e José já estão cansados de sofrer...
Pensei sobre a datilógrafa de Clarice
que somente vive
inspirando e expirando, inspirando e expirando
E que entre os que tem e os que não tem
ela não tinha
A datilógrafa pensava
Clarice refletia
Era o que a vida podia oferecer a elas
Refletir não é para todos
O mundo não quer assim
Agostinho do mundo... pensava
Nunca chegará ao outro lado
Ele só tem nas mãos uma enxada
e é só isso que podem lhe oferecer
e cava, e cava
e a terra é escura e ele não tem medo
porque ele aprendeu assim
Agostinho pensava em sobreviver
a si e a seus cinco filhos
e o outro na barriga
mal engolia a janta e tão logo figurava no cenário do ponto de ônibus
o relógio marca quatro da manhã
Agostinho nem lembra tanto como o mais velho já não está tão novo...
o tempo passa e ele só pensa no amanhã 
que é daqui a pouco e que faz de sua vida uma sombria roda gigante
Os grandes pensadores
encontaram suas damas
A história nos mostra que sim
Eles iam e viam
ora de um lado e ora de outro
suas mentes
eram duplas
como num sentido de ida e  volta
eles não eram Agostinhos
e não sabiam datilografar
Existir é um fato
Você não escolhe
E quando vai ver já está existindo
Agostinho de Deus pensava num mundo melhor
mesmo sem saber como ele se parece
mas para ele "tá bom"
Agostinho do mundo
era apenas mais um
Não fazia diferença, perdia-se em si mesmo
Agostinho do acaso
está solto
por aqui
por aí 
e passa a vida a cavar
sem jamais
encontrar...
                 E eu não paro de pensar... 


B. Fernandes. 20/05/11

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Encontro com a escritora, com as escritoras ou entre as escritoras..

Bom, o título do evento não tem tanta importância. O que vale é o que ele representou para cada um presente, naquele dia frio de dezessete de maio. Posso dizer que, esse dia representou muitas coisas para mim e desrepresentou várias outras, na mesma proporção. Foi um dia epifânico. Ainda estou vivendo-o. Não quero que entenda, não vou comprometer-lhe tão egoísticamente assim.
Apenas digo.
Hoje pensei....
Corre um líquido dentro de mim.
Não sei sua cor, nem sua densidade.
Acredito que nele existam algumas partículas. Talvez do mundo, talvez de mim, talvez...
Ele se movimenta, como um caldo que borbulha quando ao fogo.
E chega um momento que não cabe mais em mim... nem o líquido, nem as partículas...
e a fumaça me sufoca...
Estou ebulindo, estou escrevendo...
Escrever é minha ebulição.
Quando sai essa pressão, o líquido escorre novamente, como num ciclo de viver...

Voltando...
Quero dizer a vcs que adorei conhecer a Adriana Calcanhoto, ela é uma doçura, extremamente descomprometida com qualquer expectativa, extremamente ela...
Tímida, branca e de uma calmaria vulvânica....

Mas agora me pergunto...
O que seria uma calmaria vulcânica?
Saiu tão expontaneamente...
Às vezes elas saem sem pedir licença, saem saindo e quando vou ver, procuro encontrar o sentido.
Encontro.
Primariamente o da liberdade
sem esquadros.
Acho que isso se deve a um momento de reflexão hj, no ponto de ônibus.
Percebi que o contraste também pode significar aproximação, como se o branco estivesse muito próximo ao preto, claroescuro, luz(e)sombra, tênue é a linha entre o tudo e o nada...
O antitético está para o uno assim como a calmaria para o vulcão.
Não há um sem o outro, coexistem num mesmo momento, num mesmo plano... um por trás do outro, e ora, vice-versa.

Adriana, obrigada por fazer parte desse dia. De quebra e recomeço...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Propícia...

Rapidinha pra você
Não sei nem a quê
Nem ao menos
se irás querer...

Instintos me impulsionam
a me movimentar
e a(à)minha arte 
te entregar

Estou propícia a você
assim como o branco
está para o prazer

Escorre desse desejo
Quero mexer
E me entregar
A essa minha arte...
E vontade...

De apenas te oferecer
Esse simples desejo...

                                                     de escrever...

                                                                       B.Fernandes

Permitindo o momento...

Eu não existo nesse momento
Eu só estou aqui
Porque alguma coisa ainda existe
Nesse momento eu sou um nada
Um nada rodeado de tudo
E o tudo não me diz nada
Tudo está em mim
Nesse momento não existem palavras
Não há voz
Nada tem a me dizer
Entre os muros
Olho numa direção
E uma lente
Que não é minha
Me mostra algo
Que
Não faz diferença
Porque em mim
Há o silêncio
Daquilo que vejo
E que me faz acreditar.

B. Fernandes - Encontrando borboletas. 17/05/2011